Dirigida por Julie Gavras (filha do famoso cineasta político grego Costa Gavras), a película possui elementos líricos e poéticos que nos remetem a uma criticidade política e social um tanto quanto que bem humorada; sem - é claro - nos desviar de discussões complexas sobre autoritarismo, solidariedade, e porque não, revolução.
O longa nos faz pensar a revolução dentro de uma perspectiva peculiar: micro-famíliar, circunscrita em uma estrutura macro-estrutural que aparece como elemento basilar da transformação social. O filme se passa na França entre os anos de 1970 e 1971, em um contexto histórico de efervescência política e cultural diferenciada na Europa, na América e no mundo como um todo. Em Paris, destacam-se as mudanças sociais e políticas decorrentes principalmente das manifestações de maio de 1968. Na Espanha, a ditadura de Franco e no Chile o processo de abertura política e as eleições em que Salvador Allende Pleiteava o cargo de presidente.
Anna (Nina Kervel-Bey), que tem apenas nove anos, vê suas referências e seu pequeno mundo burguês diluir-se aos poucos após o engajamento dos seus pais na política de esquerda. Seu pai, Fernando (Stefano Accorsi), é um advogado bem-sucedido de origem espanhola, casado com Marie (Julie Depardieu, filha de Gerard Depardieu) que trabalha para revista Marie-Claire. O casal possui outro filho, François (Benjamin Feuillet). Aflitos e angustiados com o sentimento de inércia aflorados com a morte do cunhado comunista e antifascista pelo franquismo (regime político vigente na Espanha entre 1939 e 1976 na ditadura do general Francisco Franco). Os pais de Anna decidem romper com status quo burguês.
Fernando e Marie tornam-se militantes em defesa de Salvador Allende no Chile e ativistas em diversas outras causas progressistas. Marie abandona seu emprego na famosa revista feminina burguesa para concentrar seus esforços na publicação de um livro sobre a luta pelo direito ao aborto. A família muda da enorme casa com jardins e quartos individuais para cada filho para um aconchegante, porém pequeno apartamento. Todas essas mudanças são acompanhadas pela pequena Anna de forma apreensiva e contra sua vontade.
Sua babá, que tinha fugido de Cuba, foi substituída por uma série de babás de outros lugares como a Grécia e a China, todas refugiadas políticas acolhidas pela família. A primeira sempre alertava a pequena múmia (nome dado pelos amigos do seu pai àqueles que eram contra ao governo de Salvador Allende. O apelido também era a forma carinhosa como eles chamavam a pequena Anna) dos perigos eminentes dos barbudos comunistas.
Influenciada por outros padrões, Anna precisava entender as transformações e os antagonismos de dois mundos diferentes, (católico, capitalista e ateu, socialista) em que o social, o político e o cultural são encarados de diferentes aspectos. Possuidor de uma sutiliza ímpar, a película transborda sensações e nos impulsiona a uma reflexão sobre diversos elementos sócio-culturais.
Por Paulo Alberto
Um comentário:
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