segunda-feira, 26 de julho de 2010

1984


Qual o papel do Estado, da mídia, do comércio na sociedade?  É a partir do questionamento desses elementos que podemos analisar como o filme 1984, baseado no livro homônimo do escritor inglês George Orwell, publicado em 1948. Inserido em conjuntura de pós-segunda guerra, o filme nos apresenta subsídios bastante concretos para pensarmos a sociedade ocidental contemporânea.

O filme produzido quase quatro décadas após a primeira publicação do livro, possui um caráter bastante fiel. “Quem controla o passado, controla o futuro e quem controla o presente controla o passado.” É desta forma que a película inicia, evidenciando assim seu caráter crítico e contestador a todas as formas totalitarismo, e manipulação ideológica.  

Sendo uma projeção distópica do futuro, o autor “cria” uma sociedade controlada por um partido (INGSOC) e dirigida por um ditador onipresente e onisciente (Grande Irmão). Os indivíduos abjuram de seus próprios interesses e identidade e virtude da manutenção e fortificação do partido. Nesse contexto, Wiston é só mais um funcionário de um entre diversos Ministérios criados pelo partido. Trabalhando no Ministério da Verdade, seu papel é adulterar a informação já publicada e republicá-la a partir dos interesses de seus superiores. 

Vivendo em uma sociedade extremante controladora, em que tudo que pode comprometer a relação hierárquica de poder do partido sobre a massa pode e deve ser combatido, Wiston passa a ser um perigo. Além de questionar a veracidade e integridade do partido, cometendo vários crimes, como possuir um diário secreto em seu quarto e manter uma relação como uma mulher, também do partido (Julie).   

Nesta sociedade de 1984, todos os tipos de ações que não beneficiam o partido (como a liberdade de pensamento, emoções com sexo e orgasmo) são tidas como formas de perversão. Uma das maneiras de tentar aniquilar tais pensamentos é criação de uma língua cada vez mais reduzida a serviço do Estado (novilíngua) que está em processo de consolidação. Assim o Estado deixa clara a dominação física e ideológica. 

Aquele que não se sujeitar ao partido é preso no “Ministério do Amor” e re-doutrinado em sessões de tortura, como é o caso do personagem Wiston. A manipulação e divulgação das informações através dos noticiários propagados em toda a cidade sobre as condições do Estado relatam sempre aumento da economia, baixa taxa de mortalidade, diminuição de doenças.  Fica explícito o caráter de racionalidade do Governo e subtendida a eficiência da forma de lidar como tais problemas. 

É constituído um mundo aparente sob ordem e controle absoluto. Porém, como parte dessa organicidade, a guerra - seja contra Eurásia ou Letásia - possui uma funcionalidade nos intentos dos dirigentes de Estado de controlar a massa.  

É interessantíssimo como o filme nos conduz a pensar as multiplicidades de formas de poder e manipulação através das mídias - que são elementos fundamentais no filme. As mídias podem desencadear discussões bastante atuais sobre a cultura de massa, partidarismo, totalitarismo, medo e outras. Pode-se dizer que já vivemos controlados pelo consumo.

Informações Técnicas
Título no Brasil:  1984
Título Original:  Nineteen Eighty-Four
País de Origem:  Inglaterra
Gênero:  Drama / Romance / Ficção
Tempo de Duração: 113 minutos
Ano de Lançamento:  1984
Site Oficial: 
Estúdio/Distrib.: 
Direção: 
Michael Radford
 

sábado, 17 de julho de 2010

Oooops

O filme que tentamos exibir (1984) não estava com legendas bem sincronizadas, portanto exibimos outro filme: Edukators (Die fetten Jahre sind vorbei) no lugar.

Pretendemos retomar o cineclube em agosto com o 1984 (com legendas boas!)

Boas férias a todos!

terça-feira, 6 de julho de 2010

Distopia?


Enclausurados em uma redoma. É assim que estão os sobreviventes do último e maior desastre da Terra. Tudo o que eles querem é ir para "A Ilha", o único recanto preservado do desastre. Contudo, a Ilha é pequena demais e somente uma seleta porção dos sobreviventes pode habitá-la. Para ir pra lá é preciso ter sorte e ser contemplado em um dos vários sorteios que eventualmente ocorrem na instalação subterrânea em que o grupo está confinado.

Grosseiramente, é esta visão de mundo que sustenta o grupo de pessoas que desejam ir pra Ilha. Encerrados em uma instalação subterrânea, submetidos ao rigoroso controle das máquinas, os habitantes da instalação têm como único objetivo de vida ser sorteado para ir habitar A Ilha.

No entanto, a falta de maiores horizontes para a existência e o extremo controle a que estão submetidos os membros deste restrito grupo fornecem férteis condições para um espírito inquieto contestar a ordem vigente e partir em busca do que está por trás das crenças que sustentam este grupo. Lincoln Six Echo (Ewan McGregor) é quem parte nesta jornada ao desenvolver sentimentos demasiado humanos pela bela Jordan Two Delta (Scarlett Johanson).

É quando Jordan é sorteada para ir habitar A Ilha que o personagem de McGregor parte à procura das respostas para as perguntas que o intrigam há tempos. Lincoln não precisa de muito tempo para desconstruir a frágil ideologia - """inversão da realidade""" - que mantém a ordem dentro da pretensa instalação subterrânea em que o grupo estaria confinado.

Apesar da clássica construção hollywoodiana o filme vale a pena ser visto. Contudo, acredito que a leitura do filme enquanto uma distopia pode ser problemática, pois, permite que determinadas regiões do mundo sejam pensadas como distópicas. Ou seja, se por si só, imaginar no futuro um grupo isolado submetido à condições desumanas caracterizar uma distopia, há séculos diversos rincões da terra são perfeitas distopias.


Ficha Técnica:
Título original: The Island
Gênero: Ficção
Ano: 2005
País de origem: Estados Unidos
Distribuidora: Warner
Duração: 127 min.
Classificação: 14 anos
Língua: Inglês
Cor: Colorido
Som: DTS Dolby SDDS
Diretor: Michael Bay
Elenco: Ewan McGregor, Scarlett Johansson, Michael Clarke Duncan