sexta-feira, 28 de maio de 2010

Kinsey


Falar de sexo na nossa sociedade contemporânea tida como moderna em diversos aspectos ainda é, em muitos casos, um verdadeiro tabu. É só pensarmos um pouco na construção da compreensão da nossa sexualidade, se é que a compreendemos.

Geralmente a discussão sobre sexo e o descobrimento da sexualidade de maneira geral é um processo longo de se auto-descobrir. É desta forma que o filme Kinsey – vamos falar de sexo (dirigido por Bill Condon - 2004) traz à tona, a partir da edificação de uma biografia cinematografada, a história de vida de Alfred Kinsey, um biólogo norte-americano que entre os anos de 1940 -1950 aprofundou-se nos estudos da sexualidade. Neste período, publicou uma das maiores pesquisas sobre a sexualidade humana já produzidas. 


Kinsey até hoje é conhecido como o pai da sexologia, e seus estudos influenciaram diretamente a revolução sexual da década de 1960. Diferentemente da maioria dos filmes que tem como pano de fundo a temática da sexualidade, Kinsey – vamos falar de sexo tem um caráter epistemológico em relação à discussão de como um homem se diferencia dos outros na forma de pensar a sua própria sexualidade, definir seus gostos e fetiches. Cada um tem sua peculiaridade. 

Algo que aparece na película, e é apresentado pelos personagens de maneira interessantíssima, é a discussão sobre o que é normal. O normal como característica comum a todos. No entanto, o filme mostra de forma até didática que cada um possui sua diferença e suas peculiaridades, apesar de termos características apresentadas como universais.

Atualmente imagina-se que muitas dessas perspectivas puritanas e repletas de regras e tabus em relação à sexualidade e o sexo (que possui definições diferentes) na nossa sociedade tenham, de maneira geral, se diluído, principalmente pela influência dos meios de comunicação.

No entanto, o que se percebe é a existência cada vez mais acentuada de um bombardeio por parte da mídia em geral, principalmente de imagens em que o sexo e o erotismo estão presentes; porém sem um mínimo de informação. A indústria da pornografia é uma das mais rentáveis, gerando milhões aos cofres privados e públicos. Todavia, a ignorância, a desinformação e a repressão sexual ainda são muito presentes na nossa sociedade, por mais contraditório que pareça.

Podemos evidenciar que no filme uma discussão que fica em segundo plano, contudo merece ser ressaltada, é como Kinsey (excelente interpretação de Liam Neeson) aparece ao longo da película como um cientista obcecado para compreender o comportamento sexual dos homens e das mulheres, tornando as relações humanas estritamente racionais.

São inúmeros os motivos pelos quais o filme deve ser assistido, a atualidade do tema e das narrativas nos proporciona reflexões importantes tanto para questões da própria subjetividade como para percebermos as mudanças de paradigmas histórico-sociais em relação ao tema.
Por Paulo Alberto Mendes.

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